quarta-feira, 9 de maio de 2012

A BELA DA TARDE ( 1967 ) - LA BELLE DE JOUR


Séverine Serizi (Catherine Deneuve),é uma esposa burguesa e frígida. Acaba assumindo uma vida dupla nas tardes da semana quando trabalha como prostituta em um bordel. É, ao que parece, a form,a que encontra para se sentir segura e explorar suas fantasias sexuais prodigiosas e masoquistas. Mas a conveniência do seu sistema vira de cabeça para baixo quando um gângster extravagante (Pierre Clémenti) conquista seu coração e invade sua vida respeitável.


Resumido dessa forma, A Bela da tarde pode parecer uma fantasia masculina esquemática e ultrajante. Em realidade, é um dos filmes mais misteriosos, poéticos e complexos jamais realizados. A psicologia dos personagens nunca é apresentada com simplicidade ou clareza.


A bela da tarde é deliciosamente fetichista. O diretor Luis Buñuel não liga para a nudez de Catherine Deneuve, mas para as roupas e véus que a cobrem e para sua superfície feminina requintada e bem acabada. Embora o filme se desenvolva em um bordel de alta classe, o sexo nunca é mostrado. Acontece atrás de portas fechadas, em cantinhos secretos e até debaixo de um caixão. A perversão sexual é sugerida de forma a desafiar a mais desvairada imaginação.


É provavelmente o filme erótico mais conhecido dos tempos modernos, e possivelmente o melhor. Isto porque entende o erotismo às avessas - não no suor e na pele, mas na imaginação. Com sutileza e segurança, Buñuel nos leva a um estranho território perfeitamente localizado entre sonho e realidade. Efeitos alucinatórios, ao mesmo tempo engraçados e perturbadores, enchem o filme - coisas como personagens diferentes se referindo a "deixar os gatos entrar", coisa que ouvimos mas nunca vemos acontecer.


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