Um grupo de quatro meninos se rebela contra o sistema repressivo e as rígidas regras de um colégio interno francês em um dia festivo. Um verdadeiro ato de rebelião é instaurado na escola, e ganha ares de surrealidade, resultado das leituras libertárias da infância.
"Diabinhos na escola": o subtítulo de Zero de conduta sugere uma comédia leve, no estilo dos filmes da série inglesa Carry on, mas este clássico média-metragem de Jean Vigo não brinca em serviço. O que está por trás deste esquete de rebelião infantil contra uma instituição de ensino opressiva é nada menos que um autêntico manifesta surrealista - cuja dimensão cósmica é assegurada pelo último plano, no qual os diabinhos, triunfantes em um telhado, parecem prontos para alçar vôo.
Vigo transcende a simples dicotomia juventude versus autoritarismo através de sua de uma perversidade inescapável e polimorfa: aqui, mesmo os mais formalistas dos professores são degenerados, devassos no seu íntimo.
A vigorosa provocação se dá tanto no âmbito da forma quanto do conteúdo: as experiências com câmera lenta, animação e truques de fotografia são prodigiosas e extraordinárias. Vigo absorveu o vanguardismo de Luis Buñuel e René Clair, mas também inventou uma estética singular: o "plano aquário", um espaço claustrofóbico em que aparições estranhas surgem em cada canto e fresta disponíveis - cinema na forma de um número de mágica.
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