quinta-feira, 31 de maio de 2012

A NOITE DOS MORTOS-VIVOS (1968) - NIGHT OF THE LIVING DEAD


Em uma casa de fazenda, sete pessoas defendem-se contra os ataques de zumbis canibais. Aos poucos, por meio das transmissões de emergência no rádio e na televisão, eles começam a entender o que está acontecendo. Os cadáveres estão se levantando por todo o mundo, e atacando os vivos para comer a sua carne.


Surgem discussões entre os personagens enquanto decidem como agir. Devem tentar fugir ou, em vez disso, manter sua posiçãoe esperar por uma ajuda que talvez nunca chegue? Quem deve assumir o comando do grupo e dar as ordens ? O número de mortos não para de crescer e a casa de fazenda talvez não aguente muito tempo: é preciso tomar alguma medida drástica.


Logo todas as cartas estão na mesa. cada vislumbre de esperança é minado por uma decisão errada, má sorte ou uma guinada cruel do destino. O que resta é apenas horror e desespero.


Estréia no cinema do diretor George Romero, virou cult, um verdadeiro clássico do horror. Este foi o filme de terror que definiu um novo padrão para o gênero na segunda metade do século XX, deslocando as narrativas de antiquadas convenções góticas do passado e trazendo-as para a luz fria e impiedosa do presente.


Com seu estilo seco, quase documental, aborda questões que preocupavam os norte-americanos no final dos anos 60: distúrbios civis, racismo, o colapso do núcleo familiar, o medo das massas e o próprio Dia do Juízo Final. Tudo é incerto e o bem nem sempre triunfa. Pela primeira vez, um filme de terror refletiu o sentimento de preocupação que permeava a sociedade da época sem oferecer qualquer conforto ou segurança.


quarta-feira, 30 de maio de 2012

O OVO DA SERPENTE (1978) - DAS SCHLANGENEI


Em novembro de 23, em Berlim, um trapezista americano (David Carradine) e sua cunhada viúva (Liv Ullmann) sobrevivem, a duras penas, à violenta recessão econômica; acabam aceitando empregos um clínica que faz experiências com seres humanos clandestinamente.


O diretor Ingmar Bergman quis contar, como se fosse um pesadelo, a violência física e psicológica sobre a qual se assenta o nazismo.


O roteiro tem estrutura semelhante a certos filmes de horror e é uma das obras mais politizadas do diretor sueco.


O OTÁRIO (1964) - THE PATSY


Após a morte de um famoso comediante, seus assessores resolvem encontrar outra pessoa para substituí-lo. Durante a procura, optam por um confuso mensageiro de hotel.


Jerry Lewis tem seus fãs cativos, embora sua produção esteja repleta de altos e baixos. Este filme, por exemplo, está entre os melhores do comediante. O elenco está afinadíssimo, e Lewis provoca muitos risos com suas caras e bocas.


Último filme de Peter Lorre ( Casablanca, O falcão maltês ).


segunda-feira, 28 de maio de 2012

O ESTADO DAS COISAS (1982) - DER STAND DER DINGE


A falta de dinheiro interrompe, em Portugal, as filmagens de Os sobreviventes, ficção científica inspirada em O dia em que o mundo acabou, de Roger Corman. Com a equipe desativada no hotel, seu diretor - jovem cineasta alemão - viaja em busca do produtor até Los Angeles, onde o encontra fugindo dos credores, sem dinheiro para financiar a conclusão do filme.


Inquietante reflexão sobre o processo de criação cinematográfica, com evidentes traços autobiográficos do diretor Wim Wenders.


MEU AMIGO TOTORO (1988) - TONARI NO TOTORO / MY NEIGHBOR TOTORO


Duas irmãs, com a mãe doente no hospital, mudam para a zona rural, e são ajudadas pelos espíritos da floresta. Numa atmosfera de puro lirismo, o desenho mistura o mundo dos homens e dos animais, visto através da fantasia de duas crianças.


Meu amigo Totoro é um filme para crianças feito para o mundo em que deveríamos viver, e não para o que ocupamos. É um filme sem vilões. Sem cenas de luta. Sem adultos perversos. Sem brigas entre as duas crianças. Sem monstros amedrontadores. Sem escuridão antes da aurora. Um mundo benigno. Um mundo em que, se você encontrar na floresta uma criatura estranha e alta, você se aconchega no colo dessa criatura e tira um cochilo.


Não há complôs de crianças contra adultos, comuns nos filmes americanos. A família é vista como um porto seguro e reconfortante. O pai é sensato, criterioso e educado; aceita a história das criaturas estranhas, confia nas filhas, ouve a explicação com a mente aberta.


Trata-se de uma das adoráveis obras artesanais de Hayao Miyazaki, frequentemente visto como o melhor diretor de animação japonês. Até bem pouco tempo, Miyazaki não usava computador para ajudar a animar seus filmes; eles eram desenhados quadro a quadro, à maneira clássica, e o próprio Miyazaki contribuiu com dezenas de milhares de quadros.


domingo, 27 de maio de 2012

MACBETH - REINADO DE SANGUE (1948) - MACBETH


Três feiticeiras profetizam um reinado de sangue e destruição quando Macbeth (Orson Welles) usa de todas as suas armas para satisfazer sua ambição pessoal e se tornar o rei da Escócia.


Adaptação de um dos clássicos de William Shakespeare. O sempre ousado Welles não faz concessões: os atores declamam o texto com sotaque escocês e os cenários aproveitam bem as locações pedregosas e ameaçadoras.


Magistralmente teatral, transmite o clima de terror e opressão do texto original num espetáculo sedutor, mas pesado. A produção, sem grandes custos, foi rodada em três semanas.

SACCO e VANZETTI (1971)


Dois imigrantes italianos, Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti, são acusados de assassinato em 1921, condenados à morte e executados em 1927, nos EUA.


Famoso erro da justiça americana, em versão dirigida por Giuliano Montaldo, que dirigiu também Giordano Bruno. Gian Maria Volonté e Ricardo Cucciola, perfeitos em seus papéis, ganharam os prêmios de interpretação no Festival de Cannes.


Canção-título interpretada por Joan Baez. O filme esteve proibido no Brasil durante vários anos.


OS RUSSOS ESTÃO CHEGANDO! OS RUSSOS ESTÃO CHEGANDO! (1966) - THE RUSSIANS ARE COMING! THE RUSSIANS ARE COMING!


Sem nenhum intuito de violência, um comandante russo decide conhecer os Estados Unidos. Ele então encalha seu submarino próximo a uma pequena ilha em Massachusetts, mas não conseguirá ajuda, pois os habitantes locais acreditam que estão sendo invadidos.


Sátira à Guerra Fria e aos efeitos da propaganda anticomunista, exagerada deste o título e que por isso mesmo resistiu ao tempo e se mostra hoje mais divertida até do que na época em que foi lançada.


sábado, 26 de maio de 2012

A IGUALDADE É BRANCA (1994) - TROIS COULEURS: BLANC


Após passar por humilhante processo de divórcio de sua esposa francesa, polonês retorna à Varsóvia e ascende como comerciante.


Segunda parte da trilogia do diretor polonês Krzystof Kieslowski sobre os direitos do cidadão definidos pela Revolução Francesa, seguindo-se a A liberdade é azul e anterior a A fraternidade é vermelha. Ao contrário do anterior, um filme passional e pesado, este se assemelha aos trabalhos do diretor no Decálogo (como Não Amarás, por exemplo), com uma narrativa seca, direta, bastante cruel.


O filme, muito bem interpretado, incomoda, pois a visão do mundo do diretor é cínica e pessimista.


ABRE LOS OJOS (1997)


O bem-sucedido e narcisista César ( Eduardo Noriega ) se livra da última moça com quem passou a noite, conhece Sophia (Penélope Cruz), a "moça dos seus sonhos", e trai seu melhor amigo na noite anterior, acordando em seguida em uma prisão psiquiátrica, acusado de assassinato, após um horrível acidente de carro que o deixa desfigurado.


Na prisão, que por algum tempo parece ser a realidade, ele projeta um presente e um futuro a partir dos resquícios de sua vida passada e de filmes já vistos. Entrando em crise, ele se torna incapaz de distinguir a vida do sonho - isto é, até a série labiríntica de reviravoltas e revelações que levam à conclusão, onde a "realidade" de tudo o que aconteceu até então é questionada de maneira arrepiante.


Abre los ojos, de Alejandro Amenábar talvez seja mais conhecido como o filme espanhol refilmado por Cameron Crowe como Vanilla Sky (2001), com Tom Cruise, mas merece ser visto como a obra virtuosa e verdadeiramente original que é. Intrigado com a criogenia e a realidade virtual, Amenábar disse que desejava fazer um filme "realista" de ficção científica apenas com "ângulos de câmera" ao invés de efeitos especiais impressionantes.


Mas Abre los ojos transcende uma classificação fácil assim, exceto se considerado um precursor de filmes como Matrix (1999), Clube da luta (1999), O sexto sentido (1999), Amnésia (2000) e Cidade dos sonhos (2001) - filmes soturnos que, construídos como quebra-cabeças paranóides, podem ser separados em camadas, mostram a identidade como um desempenho ou experiência virtual, questionam a natureza do tempo e da realidade e precisam ser vistos ao menos duas vezes.


sexta-feira, 25 de maio de 2012

OS BEATNIKS (1980) - HEART BEAT



Nos anos 50, um candidato a escritor e seu amigo irreverente vivem juntos diversas aventuras e experiências, até que se apaixonam pela mesma mulher.




Narrado em off, o filme se inspira nas memórias de Carolyn Cassady, que revela como nasceu Dean Moriarty, o mais célebre personagem do romance On the Road, de Jack Kerouac, a Bíblia da beat generation.


quarta-feira, 23 de maio de 2012

QUERO VIVER! (1958) - I WANT TO LIVE!


Prostituta, dona de de vasta ficha policial, é acusada pelo assassinato de uma viúva. Ela é condenada à morte, mas sustenta até o fim ser inocente.


Inspirado no caso verídico de Barbara Graham, ocorrido em 1955, baseia-se em reportagem vencedora do prêmio Pulitzer de jornalismo e em cartas da própria Graham, para defender a versão de que ela teria sido usada para inocentar os verdadeiros culpados.


Susan Hayward ganhou o Oscar de atriz e domina o filme, cujo ritmo ágil (o diretor Robert Wise  foi um dos montadores de Cidadão Kane) ajudou a conservar sua força.


O CALOURO (1925) - THE FRESHMAN


Estudante tímido é ridicularizado na faculdade pelos alunos veteranos.


Comédia movimentada que pertence à melhor fase da carreira de Harold Lloyd, culminando com uma longa e divertida sequência de futebol americano em que o patinho feio vira herói.


terça-feira, 22 de maio de 2012

M*A*S*H (1970)


Cirurgiões do Exército americano na Guerra da Coréia, irreverentes e cínicos, brincam com a dor e a morte; perturbam as mulheres e desafiam seus superiores.


Não levou muito tempo para que as inovações de M*A*S*H, de Robert Altman, se tornassem quase ultrapassadas em sua simplicidade e obviedade, especialmente depois que o próprio Altman ampliou os seus efeitos com Nashville, ainda mais ambicioso.


Ainda assim, o uso de diálogos sobrepostos em meio a cenas de ação em planos abertos se mostrou surpreendente e chocante quando o filme foi lançado, assim como os cenários sangrentos de operações de guerra que Altman usou como veículos para sua comédia de humor negro.


A técnica do diretor capturava as improvisações de seus atores fazendo um zoom de média distância, resultando em uma divertida anarquia teatral. O espectro da Guerra do Vietnã estava bem presente naquela época. A veia anticonformista de M*A*S*H refletiu, de muitas formas, os sentimentos do movimento antiguerra, que cada vez mais via a loucura do Vietnã como sendo, em si, uma comédia de humor negro.


Altman criou a maior parte do filme na surdina, enganado o estúdio, que pensava que ele estava fazendo um filme de guerra patriótico. O estúdio estava prestes a relegar o filme à prateleira até que o público de teste reagiu favoravelmente. O lançamento levou a uma onda de aclamação coroada com um bom número de indicações ao Oscar e uma bem-sucedida série na televisão, imediatamente consolidando a reputação de Altman.


PLANETA PROIBIDO (1956) - FORBIDDEN PLANET


Uma missão liderada pelo comandante John J. Adams (Leslie Nielsen) ao planeta Altair 4, para descobrir o que aconteceu com uma expedição da Terra da qual não se tem notícia há décadas, descobre que os únicos sobreviventes da colônia são o cientista arrogante Edward Morbius (Walter Pidgeon) e sua filha Altaira (Anne Francis), nascida em meio à natureza, com suas minissaias provocantes. 


Os dois são servidos por um dos mais queridos personagens metálicos do cinema, o versátil e prestativo Robby, o Robô. O Doutor Morbius encontrou as impressionantes ruínas da antiga civilização extinta dos Krell, e mexer com suas maravilhas tecnológicas faz com que a destruição recaia sobre todos eles.


Esta pérola da ficção científica dos anos 50 dirigida por Fred M. Wilcox, filmada ambiciosamente em CinemaScope, não deve nada à paranóia relacionada ao macarthismo da época com invasores hostis do espaço sideral, mas deve muito ao enredo de A tempestade, de William Shakespeare, e a premissa psicológica sofisticada de que os monstros mais perigosos são aqueles que se escondemdentro dos impulsos primitivos do subconsciente. 


Efeitos extraordinários (entre eles os "monstros do id" que são libertados), o fascinante complexo subterrâneo dos Krell e uma trilha sonora sinistra e inovadora de tons eletrônicos são algumas das delícias de um filme muito citado que inspirou várias das ficções científicas posteriores que especulam sobre como a tecnologia pode destruir seus usuários.


segunda-feira, 21 de maio de 2012

REBECCA, A MULHER INESQUECÍVEL (1940) - REBECCA


A nova mulher de um aristocrata é perturbada de diversas formas por fatos relacionados à falecida primeira esposa do marido.


Rebecca é o primeiro filme americano de Hitchcock. Trabalhando com um grande orçamento, ele transformou a mansão Manderley ela mesma em um personagem - o que mais tarde serviria de inspiração para a imponente Xanadu de Cidadão Kane. A suntuosa propriedade à beira-mar é o cenário para o tenso romance entre Joan Fontaine e Laurence Olivier. Ele é um rico viúvo que corteja a inocente Fontaine: ela, por sua vez, jamais questiona a sorte em encontrar um homem tão bom.


Eles se casam depois de um namoro relâmpago, porém, à medida que o relacionamento se aprofunda, Fontaine é cada vez mais atormentada pelo espírito da esposa morta - Rebecca. será o fantasma apenas um delírio da sua imaginação, fruto de uma paranóia, ou alguma força mais nefasta em ação.


Rebecca marcou a promissora chegada de Hitchcock à America. Ironicamente, o filme derrotou no Oscar o último filme inglês do diretor, Correspondente estrangeiro. Aqui todos os seus traços autorais são usados a perfeição: temos a sombria e misteriosa história, as suspeitas mal contidas, o romance de conto de fadas condenado pelo passado invasivo e, é claro, a sensação crescente de traição.


No entanto, Rebecca carece do tom jocoso que é a marca registrada de Hitchcock e o filme não possui senso de humor. Esta falta de leveza pode ser creditada em grande parte à natureza ininterruptamente lúgubre e gótica do romance de Dahpne du Maurier. A inocente Fontaine é quase levada à loucura pelos segredos que se arrastam em Manderley, porém Hitchcock fica mais feliz em deixar a tensão crescer e crescer até o apavorante desfecho.