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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

BOB, O JOGADOR (1956) - BOB LE FLAMBEUR


Em decadência financeira, Bob (Roger Duchesne), um velho gangster viciado em jogos decide roubar um Cassino em Deauville, mas a polícia fica sabendo de seus planos.


Antes da nouvelle vague, antes de Godard, Truffaut e Chabrol, antes de Belmondo colocar o cigarro na boca com um movimento suave e caminhar pelas ruas de Paris como um gângster de Hollywood, houve Bob. Bob, o jogador, Bob, o gastador, Bob, a lenda de Montmartre, de estilo tão frio, honra tão forte, tão infeliz no jogo que até os policiais gostavam dele. Bob, cabelos brancos alisados para trás, terno e gravata pretos, capa de chuva, Packard conversível. Bob, que no primeiro dia do filme ganha muito dinheiro nas corridas, depois perde tudo na roleta e fica sem um tostão. Novamente quebrado.


Bob, o jogador, de Jean-Pierre Melville, tem o direito de reivindicar o título de primeiro filme da nouvelle vague francesa.Daniel Cauchy, que representa Paolo, um jovem e inexperiente amigo de Bob, lembra que Melville filmou algumas cenas na locação usando uma câmera portátil apoiada sobre uma bicicleta de entragas, "que Godard usaria em Acossado, e isso anos antes de Godard". Melville enfrentava dificuldades financeiras e dizia aos atores que não havia dinheiro para pagá-los, mas que deveriam ficar de prontidão para filmar a qualquer momento. "Agora eu tenho dinheiro exatamente para três ou quatro dias", disse ele a Cauche, "e depois filmaremos quando pudermos".


O filme tornou-se lendário, mas não foi visto durante anos e só recentemente a carreira de Melville começou a atrair a atenção. Melville era cool, no sentido que a palavra tinha nos anos 50. Em Bob, seus personagens movem-se entre covis de jogo e cabarés e , segundo a narrativa de Melville, "naqueles momentos entre a noite e o dia...entre o céu e o inferno".


Melville (1917-1973) nasceu com o sobrenome Grumberg (ou Grumbach, segundo outras fontes). Mudou seu nome para Melville porque admirava o autor de Moby Dick. Amava tudo o que fosse norte-americano. Não cansava de ver filmes norte-americanos, visitou os Estados Unidos, realizou um filme em Nova York (Deux Hommes dans Manhattan) e Cauchy recorda que "dirigia um carro norte-americano, usava chapéu norte-americano e óculas ray-ban; ouvia Glenn Miller no rádio do carro, sempre sintonizado na Armed Forces Network". Melville respirava filmes de gângsteres norte-americanos. Porém, quando realizou seus filmes, não os fez como imitações de Hollywood, mas impregnou-os de subentendidos e de uma sensação de distanciamento: seus personagens precisam de poucas palavras porque transmitem muito sem falar, em especial quando se trata do que deve ser feito, como e por que deve ser feito.


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