OS GRANDES FILMES, ATORES, ATRIZES e DIRETORES DO SÉCULO XX.
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Xerife prende o assassino de uma índia e espera o trem para levá-lo à cidade onde será julgado, mas o criminoso é filho de um grande amigo seu, que fará o possível para evitar a viagem.
Faroeste cheio de suspense: até o final, fica-se na dúvida se o xerife consegue ou não pegar o trem. dirigido por John Sturges (que em seguida fez Sete homens e um destino) e estrelado por dois ases do gênero (Kirk Dougls e Anthony Quinn), retrata o período da implantação do lei e do desenvolvimento econômico no oeste.
A linda canção de Dimitri Tionkin é interpretada por Frankie Laine.
Por causa de uma briga, apaga-se o fogo usado por uma tribo pré-histórica que não sabe como acendê-lo e tenta descobrir a origem das chamas.
O diretor Jean-Jacques Annaud e o roteirista Gerard Brach acertaram em cheio neste épico quase antropológico, filmado no Quênia, Escócia, Islândia e Canadá, com suspense, humor e algumas cenas de sexo e violência.
A linguagem é uma criação pesquisada por Anthony Burgess (A laranja mecânica), os gestos sendo coreografados por Desmond Morris e a rica maquiagem levou o Oscar.
Suzy é uma jovem americana chega em Fribourg para fazer cursos em uma academia de dança de prestígio. A atmosfera do lugar, estranho e perturbador, acaba surpreendendo a garota. Quando uma jovem estudante é assassinada, Suzy entra em estado de choque. A jovem descobre que o local já foi a casa de uma bruxa conhecida como a Mãe dos Suspiros.
Suspiria, de Dario Argento, começa como se fosse um giallo (ficção pulp) italiano - com uma série de assassinatos espetaculares realizados com a qualidade barroca de um musical. Mas Argento logo muda o passo, revelando um mundo não de assassinos usando luvas ou máscaras, mas de forças sobrenaturais, magia negra e bruxas malignas.
Suspiria transcorre em um cenário classicamente gótico - uma velha academia de dança. A verdadeira natureza do que é ensinado lá nos é revelada em uma chuva de larvas que cai sobre as meninas numa tarde. Enquanto o público e a estudante-protagonista Susy Banion (Jéssica harper) são transportados por sinais de revelações misteriosas e esotéricas, a intensa matriz de choques e efeitos audiovisuais de Suspiria se mantém no limite de se tornar insuportável. Essa é a textura de todo o filme, não só em suas grandiosas mortes surreais mas também em seus gestos mais ínfimos.
O filme de Argento destaca-se até mesmo entre os melhores de seu gênero pela intensidade da experiência de observá-lo e também de ouvi-lo, graças a uma trilha sonora quase excessiva criada pelo diretor e seus frequentes colaboradores, o grupo de rock Goblin.
Jean Cocteau filmou este filme em 1946, portanto bem antes do desenho da Disney de 1991 e muito antes que a Fera começasse a distribuir autógrafos em Orlando. Trata-se de um dos filmes mais mágicos já realizados. Antes dos dias dos efeitos especiais de computador, a fantasia sobrevive aqui com tomadas cheias de truques e estonteantes efeitos, criando a Fera como um homem solitário, confundido com um animal. Cocteau, um poeta surrealista, nas estava fazendo um "filme infantil", mas sim adaptando um clássico conto francês.
Aqueles que estiverem familiarizados com o desenho de 1991 reconhecerão alguns elementos da história, mas certamente não o seu espírito. Cocteau lançara mão de um cenário fantasmagórico e com obscuros símbolos freudianos, a fim de instigar emoções que fervilham no subconsciente dos seus personagens. Pensem a respeito da extraordinária tomada na qual Bela aguarda, na mesa de jantar do castelo, a primeira aparição da Fera. Ele aparece por trás dela e se aproxima silenciosamente. Ela percebe a sua presença e começa a reagir de uma forma que alguns espectadores descrevem como medo, muito embora lembre claramente um orgasmo.
A moradia da Fera é uma das mais estranhas apresentadas num filme, um cruzamento de Xanadu com Salvador Dalí. Seu hall de entrada está coberto com candelabros agarrados por braços humanos que saem por entre as paredes. As estátuas estão vivas e seus olhos acompanham os movimentos dos personagens. As passagens e as portas se abrem sozinhas. assim que Bela entra nos domínios da Fera, ela parece flutuar, sonhadoramente, alguns centímetros acima do solo. Mais tarde, seus pés parecem não se mover mais, mas deslizam, como se estivessem sendo levados por uma força magnética.
Jean Cocteau nunca se intitulou um cineasta. Ele se considerava um poeta; o cinema era uma das muitas formas de arte que abraçou no decorrer de sua carreira. No entanto, mesmo que Cocteau se visse como um poeta em vez de um "mero" cineasta, sua visão brilhante e visionária desta história clássica certamente mostrou que os dois títulos não se excluíam mutuamente.
Na Idade Média, Robin Hood (Sean Connery) retorna à Floresta de Sherwood já envelhecido, após anos de exílio, e reencontra sua amada Lady Marian (Audrey Hepburn) num convento; reata seu romance e enfrenta mais uma vez seus eternos inimigos.
Escrita por James Goldman, esta versão livre e bem-humorada da lenda de Robin Hood ousa imaginar como seriam os heróis no seu crepúsculo, em interpretações notáveis de Connery e Hepburn.
Um dos melhores trabalhos do diretor Richard Lester, que pouco antes fez duas outras boas aventuras de época: Os três mosqueteiros (1974) e A vingança de Milady (1975).
No início do século XXI, uma grande corporação desenvolve um robô que é mais forte e ágil que o ser humano e se equiparando em inteligência. São conhecidos como replicantes e utilizados como escravos na colonização e exploração de outros planetas. Mas, quando um grupo dos robôs mais evoluídos provoca um motim, em uma colônia fora da Terra, este incidente faz os replicantes serem considerados ilegais na Terra, sob pena de morte. A partir de então, policiais de um esquadrão de elite, conhecidos como Blade Runner, têm ordem de atirar para matar em replicantes encontrados na Terra, mas tal ato não é chamado de execução e sim de remoção. Até que, em novembro de 2019, em Los Angeles, quando cinco replicantes chegam à Terra, um ex-Blade Runner chamado Deckard (Harrison Ford) é encarregado de caçá-los.
Escrito em 1968, o livro Do androids dream of eletric sheep?, do autor de ficção científica Philip K. Dick, levou 14 anos para chegar ao cinema, e outra década se passou até que a espantosa verão cinematográfica do diretor Ridley Scott fosse oficialmente reconhecido como uma obra-prima do gênero. O filme de 28 milhões de dólares não foi bem recebido em seu lançamento e se tornou fracasso financeiro.
Há livros inteiros dedicados à história por trás do filme.Foi uma produção difícil em todos os sentidos, com vários casos de ressentimentos no estúdio - Harrison Ford, o ator principal, supostamente não gostava de sua parceira Sean Young, a equipe de produção fez camisetas que expressavam sua irritação com o cronograma penoso de produção e, pior, Harrison Ford e Ridley Scott não se entendiam. Ford pouco comentou sobre o filme após sua estréia e disse apenas que foi o mais difícil que já tinha feito.
O resultado, entretanto, foi um filme fantástico. Merecidamente elogiado pelo desenho de produção espetacular, a visão de Scott de uma Los Angeles em 2019 sombria e iluminada por néon, com suas ruas superpovoadas e chuva ácida contínua, tornou-se paradigmática. Cheio de simbolismo, Blade Runner gerou muito debate ao longo dos anos: alguns dizem que o filme fala subliminarmente sobre religião, citando exemplos como a cena em que o replicante Roy Batty (Rutger Hauer) fura sua mão com um prego como uma representação da crucificação, e com Tyrell (Joe Turkel), criador dos replicantes, servindo como a figura de Deus, supervisionando todas as suas criações.
É difícil imaginar se o filme teria o mesmo impacto com outro diretor (antes de Scott, Adrian Lyne, Michael Apted e Robert Mulligan foram sondados e Martin Scorsese tinha se interessado pelos direitos do livro em 1969). Para o papel principal, os nomes descartados incluíram Cristopher Walken e até Dustin Hoffman. A mistura de ficção científica no século XXI com os filmes noir de detetive dos anos 40 feita por Scott resultou em uma distopia ácida, ainda que Ford, no papel do homem enviado para "aposentar" (isto é, executar) os anfróides que retornaram à Terra em busca do seu criador, não tenha gostado de "ficar por perto para servir de foco aos cenários de Ridley", como declarou a um jornalista em 1991. os eventuais conflitos, contudo, funcionaram perfeitamente bem para a trama.
Uma das razões pelas quais Blade Runner tem tantos seguidores como filme cult é a existência de mais de uma versão - a Versão do Diretor tem cenas adicionais e deixa de fora a narração de Ford, bem como o final imposto pelo estúdio. Outra razão é o debate interminável sobre o próprio Deckard ser ou não um replicante. Qualquer que seja a resposta - Scott, ao menos uma vez, já sugeriu que Deckard era de fato um andróide - Blade Runner continua sendo um dos filmes de ficção científica visualmente mais impressionantes já feitos.
Em decadência financeira, Bob (Roger Duchesne), um velho gangster viciado em jogos decide roubar um Cassino em Deauville, mas a polícia fica sabendo de seus planos.
Antes da nouvelle vague, antes de Godard, Truffaut e Chabrol, antes de Belmondo colocar o cigarro na boca com um movimento suave e caminhar pelas ruas de Paris como um gângster de Hollywood, houve Bob. Bob, o jogador, Bob, o gastador, Bob, a lenda de Montmartre, de estilo tão frio, honra tão forte, tão infeliz no jogo que até os policiais gostavam dele. Bob, cabelos brancos alisados para trás, terno e gravata pretos, capa de chuva, Packard conversível. Bob, que no primeiro dia do filme ganha muito dinheiro nas corridas, depois perde tudo na roleta e fica sem um tostão. Novamente quebrado.
Bob, o jogador, de Jean-Pierre Melville, tem o direito de reivindicar o título de primeiro filme da nouvelle vague francesa.Daniel Cauchy, que representa Paolo, um jovem e inexperiente amigo de Bob, lembra que Melville filmou algumas cenas na locação usando uma câmera portátil apoiada sobre uma bicicleta de entragas, "que Godard usaria em Acossado, e isso anos antes de Godard". Melville enfrentava dificuldades financeiras e dizia aos atores que não havia dinheiro para pagá-los, mas que deveriam ficar de prontidão para filmar a qualquer momento. "Agora eu tenho dinheiro exatamente para três ou quatro dias", disse ele a Cauche, "e depois filmaremos quando pudermos".
O filme tornou-se lendário, mas não foi visto durante anos e só recentemente a carreira de Melville começou a atrair a atenção. Melville era cool, no sentido que a palavra tinha nos anos 50. Em Bob, seus personagens movem-se entre covis de jogo e cabarés e , segundo a narrativa de Melville, "naqueles momentos entre a noite e o dia...entre o céu e o inferno".
Melville (1917-1973) nasceu com o sobrenome Grumberg (ou Grumbach, segundo outras fontes). Mudou seu nome para Melville porque admirava o autor de Moby Dick. Amava tudo o que fosse norte-americano. Não cansava de ver filmes norte-americanos, visitou os Estados Unidos, realizou um filme em Nova York (Deux Hommes dans Manhattan) e Cauchy recorda que "dirigia um carro norte-americano, usava chapéu norte-americano e óculas ray-ban; ouvia Glenn Miller no rádio do carro, sempre sintonizado na Armed Forces Network". Melville respirava filmes de gângsteres norte-americanos. Porém, quando realizou seus filmes, não os fez como imitações de Hollywood, mas impregnou-os de subentendidos e de uma sensação de distanciamento: seus personagens precisam de poucas palavras porque transmitem muito sem falar, em especial quando se trata do que deve ser feito, como e por que deve ser feito.
Cineasta decadente e alcoólatra e seus amigos vão atrás dos estúdios em busca de financiamento para uma superprodução de um filme mudo, em plena época do cinema falado. Eles vão atrás de estrelas ao mesmo tempo em que os donos dos estúdios tentam demovê-los da idéia absurda.
A constelação de atores que aparecem em pontas (Paul Newman, Burt Reynolds, James Caan, Liza Minelli, entre outros) ajuda a manter o interesse pela trama insólita, que em ótimas piadas.
O filme é sonoro, mas não há diálogos, e a única palavra emitida é um "não", dita (ironicamente) pelo famoso mímico Marcel Marceau.
Christy Brown (Daniel Day-Lewis), o filho de uma humilde família irlandesa, nasce com uma paralisia cerebral que lhe tira todos os movimentos do corpo, com a exceção do pé esquerdo. Com apenas este movimento Christy consegue, no decorrer de sua vida, se tornar escritor e pintor.
Apesar do forte potencial para depressão sentimentalista, Meu pé esquerdo acabou sendo uma celebração surpreendentemente divertida, natural e enriquecedora sobre o irlandês Christy Brown. Daniel Day-Lewis está arrebatador em um papel tão distante quanto possível de seu esteta afetado em Uma janela para o amor (1986) ou do oportunista de Minha adorável lavanderia (1985).
O diretor estreante Jim Sheridan consegue uma autêntica façanha: deu emoção e dignidade a uma história que poderia facilmente descambar para o melodrama apelativo. Ele não se esquiva de mostar a tragédia e a raiva na vida de Christy, um espírito sagaz confinado à cadeira de rodas e submetido a humilhações diárias. A impressão geral desse homem, contudo, nos deixa um admirável sentido do milagre da vida e da formidável energia de Christy. Isso é ressaltado pela qualidade mágica infundida nos menores incidentes, como o fascínio demonstrado pelo personagem, ainda criança, quando é levado pelos irmãos e irmãs às brincadeiras de Halloween pelas ruas.
O famoso pé esquerdo, única parte do corpo que ele podia controlar, é central em diversas piadas, bem como em episódios dramáticos: Christy salva a vida de sua mãe, faz gols, pinta, derruba um adversário em uma briga de bar, tenta o suicídio, assenta tijolos e digita sua autobiografia, tudo com o pé esquerdo. Daniel Day-Lewis acabou sendo o vencedor de um Oscar que não poderia lhe ser negado. Tendo dominado as dificuldades físicas de lidar com um corpo tão tortuoso e com a fala defeituosa, ele nos dá o retrato de um homem cuja perspicácia lhe traz pouco alívio, mas cujo humor, desejo sexual e total teimosia iluminam aquilo que poderia ter sido apenas angustiante.
Através de uma música,mensagem em código precisa chegar à Inglaterra; enquanto isso, uma senhora aparentemente inocente desaparece dentro de um trem em movimento.
Um dos clássicos da fase inglesa de Alfred Hitchcock, lembra um pouco O homem que sabia demais (1956). Deliciosa mistura de comédia e suspense, traz muitos personagens e situações-chaves de seus filmes posteriores.
Foi refilmado em 1979, com o título de Mistérios na Bavária.
Nova Zelândia, 1954. Duas amigas desenvolvem uma poderosa e obsessiva amizade, que as faz imaginar um mundo fictício. Os pais, preocupados, tentam separar as duas, mas ambas pretendem fazer o que for necessário para evitar que isto aconteça, mesmo que isso envolva planejar um assassinato contra a mãe de uma delas.
Drama com toques fabulísticos e fantásticos, premiado com o Leão de Ouro (melhor diretor para Peter Jackson) no Festival de Veneza de 1994. Baseado em um fato real e com o roteiro co-escrito pelo próprio diretor, o filme representou uma guinada na carreira do neozelandês Jackson, afeito a filmes incomuns de terror, como é o caso de Fome Animal.
Bem interpretado e com sedutora concepção visual, o filme encanta por sua aura de mistério, que envolve uma trama de maturidade, sensualidade e violência.
Larry Talbot (Lon Chaney Jr.) retorna a sua terra natal. Lá, ele visita um acampamento de ciganos, acompanhado pela jovem Jenny Williams (Fay Helm). Eles são atacados por um lobo e, durante a luta, Larry recebe uma mordida do animal. A partir daquele momento, ele irá se transformar em lobisomem, em cada noite de lua cheia.
Dirigido por George Waggner e roterizado por Curt Siodmak, este seria o último clássico de terror da Universal Pictures - depois de Drácula (1931), Frankenstein (1931) e A Múmia (1932). O rei da maquiagem Jack Pierce desenvolveu para Chaney uma complexa fantasia de pêlo de iaque que se tornaria modelo de incontáveis máscaras de Halloween.
Somente na década de 40, o sucesso do filme gerou outros quatro filmes de lobisomem tendo à frente Chaney. Desde então, dezenas de imitações, releituras e paródias se seguiram a ele.
Na Chicago dos anos 20, um gângster (Paul Muni) mata um rival do seu chefe e rapidamente ganha destaque dentro da quadrilha. Ele espera o momento exato para assassinar seu chefe e se tornar o novo líder do bando, mas o fato de sua irmã (Ann Dvorak), por quem ele sente uma paixão incestuosa, estar envolvida com seu homem de confiança (George Raft) o deixa totalmente abalado. Este fato gerará trágicas conseqüências.
Finalizado antes de o conservador Código de Produção de Hollywood ser imposto de forma mais vigorosa em 1934, o roteiro do ex-jornalista Ben Hetch usa a lenda de Al Capone como fonte - reconstituindo o Massacre do Dia de São Valentim e o assassinato de Big Jim Colosimo - para retratar a Chicago da era da Lei Seca como uma Sodoma e Gomorra moderna.
A amoralidade é generalizada: a polícia é brutal e corrompida e os jornalistas não passam de sensacionalistas cínicos. Em contraste, Tony "Scarface" Camonte (Paul Muni), o protagonista á la Capone, é pelo menos sincero em sua busca gananciosa por poder e pelo todo-poderoso dólar.
Ao apresentar um dos mais famosos e maquiavélicos vilões da história do cinema dentro do mito da superação pessoal cuja perversão está no âmago de todo filme de gângster, Scarface: a vergonha de uma nação é o auge de seu gênero. E é também prova de que a versão de Brian de Palma, de 1983, apesar de todos os louvores que recebeu, não consegue diminuir em nada o original de Howard Hawks.