OS GRANDES FILMES, ATORES, ATRIZES e DIRETORES DO SÉCULO XX.
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Obrigada a matar o estranho que a violentou, a jovem Mélancolie Mau (Marlene Jobert) é perseguida pelo coronel americano Harry Dobbs (Charles Bronson) que está investigando um possível assassinato, e mediante as evasivas de Mélancolie, persegue-a e a atormenta para que confesse o crime.
Implicada em um assassinato do qual não é inteiramente responsável e que não tem qualquer relação com seu cotidiano, Mélancolie envolve-se com Dobbs em uma atmosfera de sedução, suspense e situações subentendidas.
O diretor René Clement, que provou sobriedade em filmes como Brinquedo proibido (1952) e O Sol por testemunha (1959), realiza mais um policial de primeira, talvez o melhor filme de Bronson, em um papel que lhe cabe como uma luva. Mas quem rouba o filme é a encantadora Jobert.
Duas crianças (uma menina de quatorze e um menino de seis) são abandonadas pelo pai louco que, pouco antes de se suicidar, tenta matá-las em meio a uma região desabitada do deserto australiano. À mercê do destino e com poucos recursos para sobrevivência, o garoto e a menina passam a ser auxiliados por um aborígene, que vive sozinho pelo deserto para cumprir um ritual de sua tribo.
O filme do diretor Nicolas Roeg, de 1971, foi saudado como obra-prima. Depois desapareceu no esquecimento, aparentemente devido a brigas envolvendo sua propriedade, e passou anos sumido. Em 1996, nova versão incluía cinco minutos de nudez que haviam sido amputados da cópia original.
O título deriva de um hábito dos aborígenes da Austrália: na época em que o menino se transforma em homem, um adolescente aborígene saía em "longa caminhada" de seis meses pelo Outback australiano , sobrevivendo (ou não) conforme suas habilidades para caçar, preparar armadilhas e arranjar água naquele deserto.
Há um inconfundível componente sexual encoberto: os adolescentes estão em seus primeiros anos de exacerbada consciência do sexo. A menina ainda usa uniforme escolar, que a câmera olha com sutil sexualidade (uma ambígua tomada sugere que o pai tinha uma preocupação doentia com o corpo da filha).
Em A longa caminhada, o detalhe crucial é que os dois adolescentes jamais acham um meio de se comunicar. Em parte talvez porque a menina não julgue necessário : durante o filme inteiro ela se conserva implacável nas atitudes da classe média convencional, encarando o aborígene mais com curiosidade e complacência do que como outro ser humano.
O filme não fornece informação adicional, portanto não podemos atribuir sua atitude a racismo ou preconceito cultural, mas certamente revela total ausência de curiosidade por parte da menina. O aborígene, por sua vez, não tem idéia de como defender suas intenções de outro modo além dos rituais de seu povo. Quando estes falham , ele perde o ânimo e a esperança.
A longa caminhada não é a história de uma menina e de seu irmão perdidos no Outback, que sobrevivem graças aos conhecimentos do engenhoso aborígene. A questão essencial é discutir como todos os três ainda estão perdidos no fim do filme - mais perdidos do que antes, porque agora , além de estarem à deriva no mundo, sofreram perdas interiores. O filme é profundamente pessimista. Sugere que todos nós desenvolvemos capacidades e talentos específicos que reagem a nosso ambiente, mas não funcionam com facilidade em um campo mais amplo. Não quer dizer que a menina não apreciasse a natureza, nem que o aborígene não pudesse viver em um mundo diferente daquele em que foi treinado. Quer dizer que todos nós somos cativos do meio ambiente e da programação: que há um vasto campo de experimentações e experiências sempre invisíveis para nós, por se situarem em um espectro que não podemos ver.
A história de Louis (Brad Pitt), um vampiro que foi transformado no século XVIII por Lestat (Tom Cruise). Enquanto Lestat acredita que deu a Louis a maior dádiva que pode existir, este acredita que na verdade foi condenado ao inferno, e passa sua vida imortal à procura de um significado para a sua condição.
A adaptação do primeiro romance da trilogia sobre vampiros de Anne Rice revelou-se um espetáculo agradável aos olhos, com bela produção e imagens impressionantes. O ritmo ágil e a alternância de momentos de humor e cenas sanguinolentas garantem o divertimento sem compromissos.
Mas falta sensualidade ao filme, que não consegue reproduzir um dos aspectos mais ricos do livro de Rice. Destaque para Kirsten Dunst (então com doze anos), no papel da vampira-criança Cláudia.
Numa pequena cidade italiana na década de 30, sob o domínio do fascismo , várias histórias se cruzam com as de uma família cujos membros assistem às manifestações en honra do Duce Benito Mussolini, à passagem do transatlântico Rex, à chegada de um misterioso emir e suas odaliscas, aos filmes de Gary Cooper no cinema local e à passagem dos grandes pilotos da tradicional Mile Miglia.
Se já houve algum filme feito inteiramente por nostalgia e alegria, por um cineasta no auge de seu talento, esse filme é Amarcord, de Federico Fellini. O título significa "eu me lembro" no dialeto de Rimini, a cidade à beira-mar da juventude do diretor, mas retrata "memórias" de memórias, transformadas pelo afeto e pela fantasia e muito valorizadas pela narrativa. Fellini reúne as lendas de sua juventude onde todos os personagens parecem maiores e menores que na vida real - atores brilhando em seus palcos particulares.
Amarcord assemelha-se a um longo número de dança, interrompido por diálogos, festas públicas e banquetes. É construído em forma de um passeio turístico ao longo de uma ano na vida da pequena cidade, iniciando-se em uma primavera e terminando na seguinte. Há vários narradores, inclusive um velho apalermado que visivelmente esquece as falas e um professor que faz palestras eruditas sobre o passado histórico da cidade. Entre os outros narradores estão as vozes cantantes das crianças anunciando a primeira florada primaveril dos dentes-de-leão, além de uma voz confidente na trilha sonora - a do próprio Fellini.
Amarcord é o último grande filme de Fellini. Suas outras obras-primas são: A estrada da vida, As noites de cabíria, A doce vida, Fellini oito e meio e Julieta dos espíritos. Realizou outros filmes importantes, mas estes seis revelam o pleno vigor de seu talento.
O filme de Fellini flui da câmera como fluem as anedotas narradas por alguém que as contou muitas vezes e sabe que funcionam. O subtexto um tanto doce-amargo talvez traduza a suspeita de Fellini de que a atividade cinematográfica estava mudando e que para ele os financiamentos e as oportunidades jamais seriam os mesmos; Amarcord foi o último filme que Fellini realizou obedecendo exclusivamente à sua própria vontade.
A trágica e clássica história de amor entre Romeu e Julieta, a partir do texto de William Shakespeare, é transposta aqui para a fictícia cidade de Verona Beach, no litoral americano, em plenos anos 90.
Adaptação voltada principalmente para os jovens, com trilha sonora pop, magnífica e rebuscada direção de arte (indicada ao Oscar) e uma trama que, simplificada e agilizada, mantém o possível do texto original, em vocabulário e melodia.
O casal formado pelos então ídolos jovens Leonardo DiCaprio (melhor ator no Festival de Berlim em 97 por este filme) e Claire Danes consegue empatia e curiosa sensualidade.
O filme é narrado como um thriller, pontuado por intervenções de telejornais, que acompanham a rivalidade entre as duas famílias.
Três pessoas vagam sem destino em um barco e relembram o passado.
Subjetivo e difícil, este único longa do diretor Mário Peixoto, hoje de valor histórico, tem imagens poéticas belíssimas, inspiradas na vanguarda européia da época, e trilha sonora com músicas de Villa-Lobos e Debussy, entre outros.
Rodado em 1930 e exibido pela primeira vez no ano seguinte, foi aclamado pela crítica como obra de vanguarda, mas não chegou ao circuíto comercial, sendo incompreendido pelo público. Houve exibições em Londres e em Paris, mas, no Brasil, o filme só seria visto de maneira esporádica nas décadas de 40 e 50. Nas duas décadas seguintes desapareceu totalmente de circulação, pois os os negativos originais necessitavam de um longo trabalho de restauração.
Doze jurados devem decidir se um homem é culpado ou não de um assassinato. Onze têm plena certeza que ele é culpado, enquanto um não acredita em sua inocência, mas também não o acha culpado. Decidido a analisar novamente os fatos do caso, o jurado número 8 não deve enfrentar apenas as dificuldades de interpretação dos fatos para achar a inocência do réu, mas também a má vontade e os rancores dos outros jurados.
Quanto à forma,o filme do diretor Sidney Lumet é um desses dramas de tribunal. Quanto ao objetivo, é uma violenta crítica às passagens da constituição americana que prometem aos réus um julgamento justo e a pressuposição de inocência.
A simplicidade é absoluta: além de uma breve introdução e de um epílogo ainda mais breve, o filme inteiro se desenrola em uma pequena sala de tribunal da cidade de Nova York, "no dia mais quente do ano", onde 12 homens debatem o destino de um jovem acusado de ter assassinado o pai. O filme não nos mostra o julgamento propriamente dito, exceto a preleção do juiz ao júri, superficial e quase enfadonha. Não se ouve o promotor nem o advogado de defesa e apenas indiretamente sabemos das provas, por meio da discussão dos jurados.
A maioria dos filmes de tribunal julga necessário terminar com um veredicto bem definido. Porém, Doze homens e uma sentença em momento algum declara o réu inocente ou culpado. Ele apenas analisa se o júri tem alguma dúvida lógica quanto à culpa do réu.
Trata-se de um filme em que a tensão se origina do conflito de personalidades, do diálogo e da linguagem corporal, e não da ação; em que o réu só foi visto de relance, em uma única e breve tomada; em que a lógica, a emoção e o preconceito disputam o controle da situação. É uma obra-prima do realismo estilizado-em que o estilo se estabelece na maneira com que a fotografia e a edição sublinham a estrutura árida do conteúdo.
Realizado em 1957, quando eram comuns as luxuosas produções em Technicolor, Doze homens e uma sentença pareceu simples e pobre. Obteve críticas entusiásticas e uma página dupla na revista Life, mas decepcionou nas bilheterias. No entanto, com o passar dos anos conquistou eleitores, e em uma apuração realizada pelo Internet Movie Database, em 2002, ficou em vigésimo terceiro lugar entre os melhores filmes de todos os tempos.
Garoto abandonado pelos pais em reformatório torna-se um dos maiores ídolos do baseball americano.
Biografia romanceada de Babe Ruth (1895-1948), o sultão do bastão, cujo recorde de Homeruns demorou quarenta anos para ser ultrapassado.
John Goodman interpreta o personagem da juventude à meia-idade com muita garra e energia. Babe Ruth foi biografado em outras duas versões, uma para cinema (1948), e outra para a TV (1991).
Dubladora e atriz de TV, frustrada em sua paixão por colega mais velho e infiel, recebe em seu apartamento, num mesmo dia, a visita da esposa legítima, de seu amante, do filho deste e a namorada virgem, da amiga envolvida com um terrorista, de policiais e de um funcionário da companhia telefônica.
Graças a indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro que recebeu - o primeiro da carreira de Pedro Almodóvar -, Mulheres à beira de um ataque de nervos confirmou o prestígio internacional do diretor e roteirista espanhol.
O filme certamente representa avanços em muitos dos aspectos mais interessantes das obras anteriores de Almodóvar - a subjetividade radical dos sentimentos, o exagero das emoções e a mistura estranha de melodrama e comédia.
Para além de seu humor delirante, Mulheres à beira de um ataque de nervos é um tocante monólogo feminino sobre a felicidade e a solidão. vagamente inspirado na peça de 1930 de Jean Cocteau La voix humaine, o filme demonstra o incrível talento da musa de Almodóvar, Carmen Maura. Não devemos nos esquecer, tampouco, de Antonio Banderas, que deu aqui importante passo rumo ao estrelato internacional.
Uma crise internacional tem início quando um submarino com dezesseis mísseis nucleares desaparece, enquanto fazia uma patrulha. O agente secreto 007 (Roger Moore) incumbido de investigar o caso e recuperar as ogivas, antes que sejam disparadas, e para isto recebe a ajuda de uma bela e sensual agente soviética (Barbara Bach).
Décima aventura do agente britânico, continuação de 007 contra o homem da pistola de ouro. O filme faz ironia a outros títulos da série, levando tudo na mais pura gozação. A sátira já começa na abertura, quando Bond salta em um precipício e abre pára-quedas com a bandeira britânica.
O vilão Jaws (Richard Kiel) com seus 2,18 de altura e dentes de aço, tornou-se um dos mais famosos da série, sendo o único a aparecer em dois filmes consecutivos da série.
Programa de variedades de TV reúne, depois de anos, Amelia (Giulietta Massina) e Pippo (Marcello Mastroianni) eram um par de bailarinos que, na juventude, atuavam interpretando Ginger Rogers e Fred Astaire.
Um presente do diretor Federico Fellini (1920-1993) aos que lhe pediam para contar apenas uma bela história de amor. E ele conta, mas acrescentando-lhe uma crítica feroz à TV, que considera instrumento de banalização da vida e do cinema. Os personagens parecem os últimos representantes de uma humanidade em fase de extinção.
Interpretações poéticas de Mastroianni e de Masina, que morreu cinco meses após Fellini, seu marido, em 94, aos 73 anos.
Sam Wheat (Patrick Swayze) é assassinado após assistir uma apresentação teatral. No entanto, seu espírito não vai para o outro plano e decide ajudar sua esposa Molly, pois ela corre o risco de ser morta pela mesma pessoa que responsável por sua morte. Para tanto, ele utiliza os serviços de Oda Mae Brown (Whoopi Goldberg), uma médium trambiqueira.
O diretor Jerry Zucker utilizou com maestria os surpreendentes efeitos especiais, um dos pontos altos desta comédia romântica, enorme sucesso de bilheteria. O filme tem carisma, acerta tanto nas cenas tristes quanto nas alegres e amorosas.
Além disso, conta com uma notável Goldberg (ganhou o Globo de Ouro dos jornalistas de Hollywood e o Oscar de coadjuvante), e com uma inspirada trilha sonora que inclui a canção Unchained Melody, que voltou às paradas na versão de 1955 dos Righteous Brothers.
No século XIX, numa pequena cidade sulista dos Estados Unidos, méduci trata e cura uma fêmea de elefante que, agradecida, não dá mais sossego ao seu benfeitor.
Deliciosa e ingênua comédia com elenco de bons atores, como Harry Langdon (famoso cômico da década de 20), Billie Burke (a bruxa boa de O Mágico de Oz), Alice Brady (premiada dois anos antes com o Oscar de coadjuvante por No velho Chicago) e Hattie McDaniel (a Mammy de ...E o vento levou).
Mas a grande atração é mesmo o ótimo Oliver Hardy (O Gordo), aqui sem o companheiro Stan Laurel (O Magro), que confirmava neste filme que era um grande ator.