" Esta é a minha vizinhança, esta é a minha rua, esta é a minha vida", narra Lester Burnham ( Kevin Spacey ) enquanto a câmera passeia sobre a sua cidade até alcançar sua casa, no início do filme. "Tenho 42 anos. Em menos de um ano, estarei morto. É claro que não sei disso ainda. Mas, de certa forma, já estou morto mesmo." Como Joe Gillis ( William Holden ) em Crepúsculo dos Deuses, Lester e os espectadores sabem seu destino desde o início, mas logo percebemos que isso é apenas um detalhe de sua história.
Beleza americana é uma sombria comédia de humor negro sobre como é de fato a vida de pessoas que aparentemente vivem o chamado Sonho Americano - pessoas que não tem carência de coisas materiais, mas estão infelizes, insatisfeitas e não se realizaram na vida. Esta é, sobretudo, a história de Lester e, com Spacey no papel, ela se torna ainda mais fascinante - a história da crise de meia-idade de um sujeito enquanto ele tenta redescobrir a liberdade que ele perdeu graças as responsabilidades que assumiu como marido e pai.
Obrigado a acompanhar a mulher em um jogo de basquete para ver a performance de sua filha como animadora de torcida, ele fica encantado com a ninfeta Angela ( Mena Suvari ). Logo passa a ter visões eróticas da menina ( sendo a mais memorável de todas a que ela aparece nua, apenas coberta com pétala de rosas vermelhas ) que o levam a mudar totalmente de vida, na esperança de conseguir seduzi-la.
Escrito por Alan Ball, que mais tarde criou a aclamada série de televisão A Sete Palmos para a HBO, este é um filme divertido, triste, melancólico e até mesmo otimista que nunca deixa de surpreender o espectador. Belo e chocante, Beleza Americana é uma estréia extraordinária do diretor teatral Sam Mendes no cinema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário