É muito apropriado que o filme que levou Marlene Dietrich ao estrelato ( embora estivesse longe de ser seu primeiro filme ) comece com uma mulher limpando um vidro que exibe um poster de Lola e se comparando a essa imagem idealizada. Nessa equação, a realidade sem glamour das ruas ( ou, mais tarde, dos palcos ) vale mais na mente do diretor Josef von Sternberg do que o ideal ilusório, o que determina a lógica impiedosa de O Anjo Azul.
O protagonista é Immanuel Rath ( Emil Jannings ), um professor de ginásio que ensina inglês e literatura. Ele descobre que muitos de seu alunos estão com fotografias de Lola ( Marlene Dietrich ), uma atriz de um cabaré local denominado Anjo Azul. Naquela noite, Immanuel vai até o Anjo Azul para pedir à Lola que pare de seduzir seus alunos. Mas inesperadamente, ele acaba se apaixonando pela atriz, e se interessa por suas apresentações.
Immanuel Rath ( Emil Jannings ) - Lola ( Marlene Dietrich ) |
É uma história sobre decadência. No decorrer dela, Rath será reduzido a um palhaço quase inumano. O diretor Sternberg frisa, com um rigor exemplar e sistemático, a verticalidade das relações de espaço no filme: Rath está sempre em uma posição mais baixa, erguendo os olhos para a imagem de Lola ( como quando ela joga sua calcinha em cima da cabeça dele).
Lola é uma femme fatale clássica, uma vez que seduz os homens e os dispensa quando se cansa deles - e, nesse meio tempo, gosta de tratá-los como escravos. Ainda assim, existe por um tempo um lado terno e leal no relacionamento dela com Rath; quando ela reprisa a famosa " Falling in Love Again ", quase conseguimos admitir a aceitação passiva do seu destino errante ( " Eu sei que a culpa não é minha ").
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