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sábado, 7 de abril de 2012

DRÁCULA ( 1931 )


Dizem no mundo do cinema que Bela Lugosi mal sabia falar inglês quando foi escolhido pela Universal Pictures para estrelar Drácula. Inicialmente, o escalado para o papel era Lon Chaney, uma escolha sábia depois do seu sucesso em O corcunda de Notre Dame, de 1923, e O fantasma da ópera, de 1925, dois clássicos do cinema mudo. Mas ele morreu quando o filme estava entrando em produção, e o misterioso húngaro, de 49 anos, que estrelou uma produção de Drácula na Broadway, em 1927, acabou sendo escalado para o filme. A lenda sobre seu inglês deve ser exagerada, pois quando o filme foi feito, o imigrante húngaro Bela Lugosi já vivia e trabalhava  nos Estados Unidos há uma década.


Claro que se deve a interpretação de Lugosi e a cinematografia de Karl Freund o fato do filme do diretor Tod Browning ter tido tanta influência sobre Hollywood. O maior de todos os filmes de vampiros é Nosferatu, de Murnau, mas a inigualável obra-prima do cinema mudo era quase sem saída, completa e encerrada nela mesma.


A representação do Drácula de Browning se inspirou nos sombrios visuais do ambiente gótico de Murnau, com os quais o cinegrafista alemão Freund já estava familiarizado, pois trabalhara com Murnau em A última gargalhada, de 1924. Foi Freund quem colaborou para a criação do assustador impacto na chegada ao castelo de Drácula, a entrada para os assustadores espaços internos do castelo e as inspiradas tomadas à Nosferatu, como a mão serpenteando de um sarcófago e ratos fuçando uma cripta..


A novidade do filme era o som. Foi o primeiro filme falado baseado no romance de Bram Stoker, e de alguma forma o Conde Drácula era mais assustador falando e sendo ouvido - não um monstro desumano, mas humano, cujas articuladas e penosas frases zombavam das convenções da sociedade. E aqui o sotaque de Lugosi e seu inglês rude eram uma vantagem.


O "mais deprimente e assustador filme jamais realizado", como foi consagrado à época.Talvez isso fosse verdade em 1931, mas nos dias atuais o filme mantém o seu interesse basicamente por razões técnicas - pelas estilizadas atuações, a fotografia, os cenários. Browning erra a mão em várias sequências, e o filme tem problemas de continuidade. Mas é um filme obrigatório para qualquer que queira conhecer o cinema à fundo.


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