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quarta-feira, 16 de maio de 2012

FRANKENSTEIN (1931)


O diretor James Whale arrancou do difícil romance de Mary Shelley uma fábula sobre um cientista obcecado e as humilhações de seu monstro rejeitado e infantil. Embora o Dr. Frankenstein neurótico de Colin  Clive e o assistente corcunda de Dwight Frye sejam definitivos, a revelação do filme é William Henry Pratt, que adotou o nome artístico de Boris Karloff,  um inglês que deixou para trás suas origens privilegiadas para se tornar motorista de caminhão no Canadá e atuar em papéis pequenos nos Estados Unidos.


Jack Pierce, o gênio da maquiagem da Universal, criou a cabeça chata, os plugues no pescoço, as pálpebras caídas e as mãos alongadas e cheias de cicatrizes, enquanto Whale vestiu a criatura com um terno esfarrapado, como aqueles que os mendigos que vagavam pelas ferrovias na época usavam, e acrescentou as botas pesadas. 


No entanto, foi Karloff quem transformou o Monstro de um bicho-papão selvagem em um personagem clássico, compassivo e humano cujas maldades são acidentais (afogar um menininha) ou justificáveis (enforcar o anão que o tortura com fogo).


O filme possui um série de sequências famosas espetaculares: a "criação" do Monstro com relâmpagos estourando em volta da torre e o Monstro sendo erguido para o céu enfurecido em uma mesa de operações; a primeira aparição do Monstro (visto de costas, ele se vira para nos mostrar seu rosto e a câmera segue titubeante em sua direção); a comovente sequência com a garotinha que não flutua na água; o ataque à noiva do médico no dia do seu casamento (um do raros trechos extraídos do romance); e a perseguição do Monstro por uma horda de camponeses com tochas flamejantes, que leva ao velho moinho em que criador e criatura se confrontam em um dos primeiros desfechos infernais da história do cinema de horror.


O ciclo de filmes de terror da Universal vai desde a perfeição, passando pelo pastiche barato, até a paródia, porém Frankenstein continua assustador e estimulante, a pedra angular de todo um gênero.


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